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LUZ, CÂMERA, AÇÃO

Filme "A Sociedade da Neve" emociona com história real da tragédia nos Andes

Na edição do quadro "Luz, Câmera, Ação", o leitor confere o drama verídico do desastre aéreo que isolou um time de rúgbi uruguaio na Cordilheira dos Andes.

Publicado em 28/04/2024 às 11:00
Atualizado em

(Foto: Reprodução | Netflix)

Por Lídia Bueno

“Não existe amor maior do que dar a vida pelos seus amigos”, é assim que Numa Turcatti, uma das vítimas do acidente aéreo na Cordilheira resume a trágica e emocionante história vivida durante 72 dias e que ficaria marcada como uma das mais chocantes jornadas de sobrevivência da humanidade.

Lançado em 2023, do diretor Juan Antonio Bayona, “A Sociedade da Neve” adapta ao cinema o livro de mesmo nome do jornalista espanhol Pablo Vierce, amigo íntimo das vítimas. Na trama ambientada em 1972, um avião fretado da Força Aérea Uruguaia colide contra a Cordilheira dos Andes com 45 pessoas a bordo, entre elas jogadores de um time de rúgbi amador, amigos e familiares. Dos presentes, 29 sobrevivem ao impacto e se veem diante do maior desafio de suas vidas.

Diferente de outros materiais que retratam a tragédia, “A Sociedade da Neve” tem um tom mais pessoal e foca no íntimo de cada personagem. Aqui, apesar dos desafios como o frio extremo, os ferimentos, o isolamento, a expectativa nula de resgate e a fome, a maior dificuldade é representada na mente dos sobreviventes que devem, acima de tudo, manter-se sãos. No entanto, quando recebem a notícia - por meio de um pequeno rádio consertado - de que as buscas pelos destroços haviam sido suspensas, é quase impossível não ceder à desesperança.

O longa traz perspectivas jamais vistas e que fazem o público se questionar: até onde vai o instinto de sobrevivência? Já sem esperanças de resgate, o grupo se rende à fome e toma uma decisão difícil: consumir a carne dos amigos mortos. Após essa decisão, Bayona é excelente em não poupar detalhes e escancarar o dilema moral enfrentado pelos uruguaios com cenas sem censura e de tirar o fôlego. A parceria entre atores e diretor arranca lágrimas dos olhos do público e em momento algum apela para o sensacional: não há heróis, não há cortes extraordinários, não há frases de efeito, há apenas a realidade bruta e emocionante que se garante por si só.

Apesar das atitudes extremas, a humanidade predomina sobre eles e é isso que torna “A Sociedade da Neve” diferente dos demais: retratar o verdadeiro espírito humano até mesmo no impossível. Após mais de 2h, o telespectador já se encontra com o coração derretido e deseja apenas um feliz, no entanto, o alívio é sentido somente nos minutos finais, quando o grupo, agora com 16 sobreviventes, comemora a chegada do resgate. Enquanto uns tentam dar conta da aparência desgastada, outros choram e se recusam a deixar os pertences daqueles que ficaram eternizados na história, e principalmente, sob o gelo da Cordilheira dos Andes. E esta lealdade foi o verdadeiro milagre.

"A Sociedade da Neve" foi vencedor de 12 categorias do Prêmio Goya de cinema e recebeu duas indicações ao Oscar 2024 como Melhor Filme Internacional e Melhor Maquiagem e Penteado. Não somente a história, mas o sucesso desta obra prima também te convida a assisti-la para enfim descobrir o que aconteceu na montanha.



"A Sociedade da Neve" está disponível na Netflix. Tempo de duração: 2h24. Classificação: 14 anos.

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